EuProfessor — Jogos, Cinema e Francês

CARTA VERMELHA 7 / RED LETTER 7

“Aos poucos vou traduzir todos os documentos que achei em BLUE PRINCE, mesmo que receie que os jogadores Brasileiros que se debrucem sobre esse jogo já tenham domínio em inglês e, portanto, pouco se interessariam nessas traduções. Contudo, fica aqui minha contribuição a comunidade Blue Prince, jogo pelo qual dediquei com gozo horas da minha vida.”

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TEXTO TRADUZIDO

Querido Tio,

O desaparecimento de minha prima Mary há muito tempo pesa de forma desfavorável para mim e para meu pai. E admito livremente que a frieza e indiferença que o senhor possa ter sentido em minha presença se deve inteiramente às suspeitas que venho alimentando ao longo desses anos. Suspeitas inteiramente dirigidas ao senhor.

E embora eu nunca tenha tido a oportunidade de prová-las, sempre acreditei firmemente que o senhor esteve de alguma forma mais profundamente envolvido naqueles acontecimentos de seis anos atrás. Os rumores que circularam naqueles meses não fizeram senão reforçar ainda mais minhas convicções.

Aqueles que já foram feridos uma vez tornam-se mais cautelosos, e estou ciente do preço que meu comportamento agressivamente distante trouxe para a posição social de nossa família. Não peço desculpas por minhas ações, embora agora esteja disposta a admitir que as conclusões a que cheguei talvez tenham sido equivocadas.

Na semana passada, tive uma conversa confidencial com um de nossos conhecidos em comum. Uma conversa que lançou mais luz sobre esse mistério do que todas as incontáveis e infrutíferas investigações de meu pai ao longo dos anos.

Agora tenho razões para acreditar que o senhor, de fato, foi responsável por ajudar minha prima a atravessar secretamente, sob o manto da noite, a fronteira vermelha até o litoral do sul. E creio que isso tenha ocorrido em setembro — sete meses completos após ela ter sido oficialmente dada como desaparecida. Uma data que coincide não com seu desaparecimento público, em fevereiro, mas sim com o notável roubo da Coroa de Rubi.

Se de fato os insurgentes de Black Water foram os responsáveis pelo roubo, como alguns afirmam, considero este cenário totalmente plausível. E o fato de que duas das oito rubis da coroa tenham agora reaparecido me dá renovada esperança de que ela ainda esteja viva.

Viva, em segurança, e finalmente livre.

Talvez minha disposição em acreditar em uma história tão sensacional revele o quanto estou desesperada.

Desesperada por respostas. Desesperada por esperança. E desesperada por uma narrativa em que o senhor não seja o vilão.

Naquela terra distante que todos sonhamos, onde as sufocantes cortinas carmesim que cobrem o nosso céu sejam enfim descerradas, e as janelas e venezianas da desilusão sejam escancaradas. Nessa terra distante, rezo para um dia encontrar nossa Marion viva, feliz e redimida.

— Courtney

TEXTO ORIGINAL

Dear Uncle,

The disappearance of my cousin Mary has long sat unfavorably with me and my father. And I will freely admit to you that the chilly airs of indifference you may have felt in my presence can be attributed entirely to the suspicions that I have harbored for these past years. Suspicions entirely aimed at yourself.

And while I have never had the opportunity to prove it, I felt very strongly that you had some deeper involvement in those events 6 years ago. The circulating rumors of those months did nothing but further reinforce my convictions in this fact.

Those of us that are once bitten are twice shy and I am aware of the cost of my aggressively aloof behavior has had on the social standing of our family. I do not apologize for my actions, though I am now willing to admit that the conclusions I reached may have been flawed.

Last week, I had a confidential conversation with one of our mutual acquaintances. A conversation that has shed more light on this mystery than all of my father’s countless fruitless inquiries over the years.

I now have reason to believe that you were in fact responsible for smuggling my cousin under cover of night across the red border to the southern seafront. And I believe this may have occurred in September, a full 7 months after she was reported missing. A date that coincides not with her public “disappearance” in February but instead with the notable theft of the Ruby Crown.

If the Black Water insurgents were in fact responsible for the heist as some have claimed, I believe this scenario entirely plausible. And the fact that 2 of the crown’s eight rubies have now surfaced had given me renewed optimism that she is still alive.

Alive, safe and finally free.

Perhaps my willingness to accept such a sensational story betrays my own desperation.

Desperation for answers. Desperation for hope. And desperation for a narrative in which you are not the villain.

In that distant land we all dream of, the land where the strangling crimson curtains draped across our sky are pulled back, and the windows and shutters of discontent flung wide open. In that distant land, I pray one day to find our Marion safe, happy and absolved.

– Courtney

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